Lidar com pessoas sempre é um estímulo; quase sempre um dilema, às vezes uma montanha-russa de emoções, culminando num âmago de frustração. A crítica, nem sempre tem de ser de repreensão ou acusatória, mas cada vez mais a sensação de estigma é associada às “famosas” reuniões dos pais com o professor\ diretor de turma.
Quer seja por confiança, ou simplesmente por empatia, muitas mães pedem esclarecimentos acerca das dificuldades de adaptação da sua criança ao meio escolar. Recentemente, os pais também participam nesta problemática, mas o papel de educador reconhecido do ponto de vista social ainda é incutido à mãe. Mãe, escolha primária para dialogar, escutar e agir. Mulher, cuja função biológica de gerar e promover a vida, tem por definição empírica estar sempre disponível para cuidar da família. Não sendo surpresa alguma, a pressão de arranjar soluções sem provocar conflitos. Aceitar o dúbio, para evitar distúrbios ou provocações.
Se uma professora apela à dificuldade em realizar a sua função de docente, lamentado o grande número de alunos que a sua turma contém, suscita compaixão. Mas culpar uma criança, por ser impertinente ou irrequieta, impedindo-a de exercer a sua tarefa, suscita uma responsabilização à mãe. Agora, some todo este cenário com a famigerada frase “Tem de o levar ao médico, para ser medicado!”, surge o impasse na mãe, que se questiona: O que faço? Porquê que o meu filho é assim?
O meu assombro em escutar esta narrativa angustiante, foi mal interpretado pela mãe, considerando ser um incómodo a sua descrição. A sua humildade em pedir ajuda aliada à ilusão da orientação “erudita” da professora, silenciaram a minha revolta. A confusão no meu olhar, perante tamanha complicação quase a levou para o facilitismo do “Deixe pra lá!”
Mas afinal a banalização da medicação psiquiátrica é uma mais valia para a tarefa de ser professor? As dificuldades de aprendizagem são desafios que a escola deverá ter ferramentas para colmatar, e trabalhar em conjunto com os pais. A pouca articulação com a terapia psicológica e social, assim como, a grande incidência de prescrição anti psicóticos em crianças no distrito de Viseu, segundo a Infarmed, cria uma cultura de banalização da medicação para alterações de comportamentos em crianças\ adolescentes. A solução não é subjugar o futuro desta nova geração, mas admitir que o sistema é que tem de mudar. Para quê complicar, quando o objetivo é ensinar…